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O meu amigo Dourado - Rozilda Euzebio Costa


O meu amigo Dourado
Texto By Rozilda Euzebio Costa


O tempo passou para mim, e eu cresci, mas nunca me esqueci do meu cachorro Dourado. Este era o nome dele, Dourado. Mas acreditem; ele era mesmo um cachorro quase dourado! Os seus pelos eram da cor do sol. Era comprido e roliço como uma salsicha. Tinha canelas grandes e muito ágeis, e patas largas que pisavam firmes no chão. As orelhas não eram tão pequenas, e pendiam levemente. Seus olhos eram marrons e brilhosos. Às vezes eu olhava para o Dourado e tinha a impressão de que ele estava sorrindo para mim. E ele foi o meu melhor amiguinho.

Eu me lembro bem que, nem sempre eu estava disposta para brincadeiras, mas o Dourado sempre estava! E ele nunca se cansava de insistir para brincarmos. Mesmo que eu não quisesse ir, ele acabava me convencendo porque, ele ficava dando pulinhos e breves latidos na minha frente o tempo todo, como se dissesse: - vamos brincar! Vamos brincar, por favor! – era uma insistência quase infinita que somente parava quando eu aceitava ir brincar com ele.

Eu e o Dourado brincávamos de muitas brincadeiras, entre elas, a de pique esconde. Mas acreditem; ele sempre me achava primeiro, porque ele era muito esperto! Ele tinha um ótimo faro!

Eram muitas as nossas brincadeiras, mas tinha uma que a gente brincava sempre, que era de apostar corrida. Eu apostava com ele, que ele não me alcançaria porque eu seria mais veloz que ele para correr. Mas eu sempre perdia a corrida para ele! Porque ele acabava passando na minha frente velozmente com seu rabinho empinado, e chegava em primeiro lugar onde eu havia imaginado como ponto de chegada.

Cachorro inteligente era o Dourado! Ele parecia adivinhar os meus pensamentos!!

E entre tantas brincadeiras tinha uma que enlouquecia o meu cachorro Dourado; era quando eu pegava uma cordinha e saia correndo arrastando ela pelo chão. O Dourado me seguia tentando agarrar e me tomar aquela corda. Acho que ele pensava que a corda era uma cobrinha! Sei lá! Nem imagino o que se passava pela cabeça do meu amiguinho cachorro.

Sabe outra coisa que o meu amiguinho Dourado fazia? Ele me acompanhava no caminho da Escola todos os dias.

Eu vivia com meus pais no campo e estudava em uma pequena escola criada para as crianças da região.

Eu tinha uns 5 ou 6 anos, não me lembro bem, mas me recordo com muita clareza os caminhos que eu e o meu Dourado tínhamos que caminhar para irmos a escola. Ele não era apenas um cachorro, era um grande amigo.

O Dourado, além de ser o meu amigo, era o meu cachorro da guarda. Quem nunca teve um cachorro da guarda? Ou qualquer outro animal que se tornara como anjo guardião em sua vida? O meu Dourado foi esse anjo guardião durante um bom tempo da minha vida. Ele me protegia de outros animais bravos que viviam no campo. Animais que a gente encontrava pelos caminhos da escola, como; as vacas, os bois, os cavalos, e também raposas e cobras! Além de outros bichos mais. Sim, porque existem animais bravos também! Animais que não são domesticados e a gente precisa se proteger.

Nos dias de aula eu levantava bem cedo, e o Dourado também! Ele se levantava primeiro do que eu! Ficava me esperando acocorado na porta. Então eu pegava minha pequena bolsa com a cartilha, caderno e lápis, e seguia pra escola em companhia do Dourado.

Quando o Dourado percebia a presença de alguns bichos em nosso caminho, ele se tornava um gigante muito bravo, me defendia com unhas e dentes! Ele foi muitas vezes o meu herói! Quantas boas lembranças eu tenho dele! Dourado dourou a minha vida e me ensinou o valor de uma grande amizade.

E como Deus dá a homens e bichos uma estimativa diferente de vida, Dourado voltou para o seu mundo antes que eu me tornasse gente adulta.

Hoje aquele anjo de pelos dourados ainda vive em minhas mais belas recordações de infância. Ele deixou para mim um grande ensinamento sobe a amizade; a de que não importa de que espécie nós somos, todos nós somos filhos de uma mesma natureza e podemos conviver pacificamente, e amigavelmente uns com os outros. Diante da criação, animais e humanos vivem de um mesmo sopro de vida.

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